Em março deste ano, quando as aulas presenciais retornaram, senti algo diferente no ambiente da sala dos professores da EEP. Afinal, ficamos cerca de dois anos sem o contato diário entre professores, alunos e colaboradores. Parecia um recomeço, mas com duas baixas na academia: Professor Moretti e Professor Samuel. Ambos partiram precocemente...
Samuel nasceu em São José dos Campos, Piracicaba o adotou. E a nossa EEP o encampou. Em sua cidade natal, “Samuca” aprendeu a engatinhar com os pés e com a cabeça. Por lá viveu na década de 60 onde aprendeu o bê-á-bá e que dois + dois são quatro. Em São Carlos, graduou e se tornou mestre em Matemática. Depois, na terra da Pamonha, iniciou doutorado na ESALQ-USP. Contudo, que Samuel tenha nascido para ser professor ninguém se atreveria a duvidar, pois tanto recebeu e outro tanto soube transmitir e retribuir aos seus pupilos.
De 2001 até final de 2020, a Escola de Engenharia de Piracicaba serviu-se de Samuel. E
reconheceu que foi bem servida, na medida em que a academia resolveu designar a sala dos professores da EEP com o nome do saudoso guru, merecidamente. Em todo seu período como docente, Samuel sempre foi bastante participativo. Não faltava aos encontros de final de ano com seus pares, nas reuniões da associação dos professores e em tudo que fosse pertinente ao seu chamamento como docente. Era um professor austero – “ENTENDERAM?” – Costumava bradar...
Foi um obstinado pelo aprender e ensinar. O compartilhar do conhecimento.
Não me recordo de ter presenciado algum aluno ‘reclamão’ colar em sua sombra para requerer alguma questão que supunha ter acertado na sabatina. Samuel tinha uma explicação clara, precisa, que desconsertava os mais equivocados e espertalhões. Inúmeras vezes foi homenageado por suas turmas de formandos nesta e noutras arenas do saber. E, talvez, por este seu amor à arte do ensinar e aprender, fez-se também um ser muito mais humano e querido. Sempre estava bem-humorado assoviando algum clássico da música mundial. E as correções das provas? Não tinha pra ninguém...
Levar serviço pra casa, nem pensar!
Hoje, pouco mais de um ano após sua morte, a ferida da saudade ainda teima em cicatrizar, mas a certeza de que um dia possamos nos encontrar em outra dimensão é o alento que nos consola. Recebi a incumbência da diretoria acadêmica de conduzir uma homenagem a este parceiro querido e isso fez-me gelar a alma, pois, se pudesse, optaria em ter sua presença física e saber ímpar.
Seu legado como professor e amigo não se acaba, não se esquece. Floresce!
Gerson Franco é colaborador EEP na Sala dos Professores
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